domingo, 16 novembro, 2025

Ministro da Saúde defende debate político e religioso para reduzir gravidez na adolescência

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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta terça-feira (21) que não é possível reduzir a desigualdade social no Brasil e na América Latina sem enfrentar o problema da gravidez na adolescência. Segundo ele, o tema precisa estar no mais alto nível de discussão política e também ser debatido nas escolas e espaços religiosos.

“Não tem como enfrentar esse tema sem promover um profundo diálogo com as lideranças religiosas que estão em nossos territórios”, declarou Padilha durante o evento Futuro Sustentável – Prevenção da Gravidez na Adolescência na América Latina e Caribe, promovido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em Brasília.

Ministério quer reorganizar atenção primária

Padilha explicou que o Ministério da Saúde está reorganizando a atenção primária para aproximar os profissionais das comunidades. O objetivo é que eles conheçam melhor os territórios onde atuam — uma prática prejudicada após a pandemia de covid-19.

“Não tem como enfrentar a gravidez na adolescência no Brasil se a gente não conseguir entrar nas igrejas que estão nos nossos territórios, sobretudo aquelas que tentam esconder o protagonismo e a importância das mulheres”, destacou o ministro.

Igrejas e escolas como espaços de acolhimento

Para Padilha, as igrejas e as escolas são espaços fundamentais de convivência e acolhimento das comunidades mais vulneráveis. Ele defendeu que o tema da gravidez precoce seja debatido nesses ambientes, considerando sua relevância social e educativa.

Gravidez na adolescência na América Latina

De acordo com o UNFPA, a América Latina e o Caribe ainda possuem a segunda maior taxa de fecundidade adolescente do mundo, atrás apenas da África Subsaariana. A cada 20 segundos, uma adolescente se torna mãe na região — o que representa cerca de 1,6 milhão de nascimentos por ano.

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No Brasil, 12% dos nascidos vivos são filhos de mães adolescentes. A agência da ONU aponta que a gravidez precoce está diretamente associada à pobreza, evasão escolar e desigualdade de gênero.

Gravidez precoce e desigualdade

“Não se pode falar em gravidez desejada ou planejada na adolescência. Na maioria dos casos, isso ocorre por falta de acesso à informação, à tecnologia e aos direitos básicos, como o da proteção do próprio corpo”, afirmou Padilha. Ele lembrou ainda que a gravidez precoce impacta a vida da mulher e de seus filhos em aspectos econômicos, educacionais e sociais.

Política regional e tecnologias de saúde

O ministro também destacou a importância de programas regionais de cooperação na América Latina para ampliar o acesso à saúde e às tecnologias contraceptivas. Segundo ele, o Brasil pretende pautar o tema na próxima reunião de ministros do Mercosul.

Padilha mencionou ainda a caderneta digital do adolescente e a incorporação do implante contraceptivo Implanon pelo SUS como exemplos de ações que facilitam o acesso dos jovens à saúde sexual e reprodutiva. “Identificamos que o Implanon é uma das melhores tecnologias para adolescentes e estamos trabalhando para ampliar o acesso, inclusive permitindo que enfermeiros façam o procedimento”, explicou.

Construção conjunta para reduzir desigualdades

Ao encerrar sua fala, Padilha ressaltou que políticas públicas efetivas dependem da cooperação entre países latino-americanos. “Toda vez que a América Latina se reúne e encontra o que temos em comum, conseguimos construir políticas mais fortes e transformar com mais rapidez a realidade da nossa região”, afirmou.

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