O Banco Central (BC) decidiu, pela terceira reunião seguida, manter a taxa Selic em 15% ao ano, em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom).
A taxa permanece no maior nível desde 2006, mantendo o Brasil com o segundo maior juro real do mundo, atrás apenas do México, segundo levantamento de instituições financeiras.
A decisão foi divulgada na noite de terça-feira (4) e reflete a estratégia do BC em conter a inflação ainda acima da meta de 3%, apesar de uma leve desaceleração observada nos últimos meses.
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Copom cita incertezas no cenário internacional
Em comunicado oficial, o Copom destacou que o ambiente econômico global segue incerto, influenciado pela política monetária dos Estados Unidos, pelas tensões geopolíticas e pelo comportamento dos preços de commodities.
O texto reforça que a inflação brasileira segue resistente, principalmente no setor de serviços, e que o comitê pretende manter a taxa elevada pelo tempo necessário para consolidar a convergência da inflação à meta.
“Apesar da melhora gradual dos indicadores, o Comitê entende que é prudente manter uma postura de cautela”, afirmou o comunicado.
Impactos da Selic alta na economia
A manutenção da taxa Selic impacta diretamente os empréstimos, financiamentos e investimentos.
Com os juros elevados, o crédito continua caro, o que reduz o consumo e desacelera a economia. Por outro lado, aplicações de renda fixa como CDBs, Tesouro Direto e fundos DI seguem oferecendo rendimentos atrativos, o que ajuda a conter a inflação.
Analistas do mercado financeiro apontam que o Banco Central só deve iniciar um ciclo de cortes em 2026, caso o cenário fiscal e inflacionário mostre sinais consistentes de estabilidade.
Governo avança em medidas fiscais
Enquanto o BC mantém a política monetária restritiva, o governo federal tenta equilibrar as contas públicas.
Nesta quarta-feira (5), o Senado Federal aprovou o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, com novas regras de tributação sobre lucros e dividendos.
A proposta agora segue para sanção do presidente Lula, que vê a medida como um passo importante rumo à justiça tributária.
Cenário global influencia decisões futuras
A decisão do Copom ocorre em meio a uma série de movimentações globais.
O Banco da Inglaterra manteve os juros em 4%, enquanto o Banco Central do México anuncia sua decisão ainda hoje.
Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou que a redução dos juros ainda é incerta, o que reforça o tom de prudência adotado pelo BC brasileiro.
Perspectiva para 2026
Especialistas avaliam que, com a Selic em 15%, o Brasil mantém uma posição de destaque entre os países emergentes, atraindo investidores externos pela rentabilidade, mas travando o crescimento interno.
A expectativa é que o Banco Central comece a reduzir gradualmente os juros apenas no segundo semestre de 2026, caso a inflação convirja para a meta e as contas públicas avancem na consolidação fiscal.







