quarta-feira, 17 dezembro, 2025

Relatório global aponta desigualdade como motor de pandemias e propõe novo caminho

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Um ciclo vicioso entre desigualdade e pandemias é o centro de um novo relatório global. O documento “Rompendo o ciclo da desigualdade – pandemia” foi lançado em português durante reunião da Unaids. O momento é crucial, pois define a estratégia global contra a Aids para 2026-2031, em um cenário de redução de recursos internacionais.

O Brasil preside atualmente o conselho da Unaids. A agência da ONU alerta para um recrudescimento no financiamento de tratamentos e pesquisas, agravado por cortes na assistência de países como os Estados Unidos.

Desigualdade é uma escolha política que alimenta surtos, afirma estudo

“A desigualdade não é inevitável. É uma escolha política – e uma escolha perigosa”, declarou Monica Geingos, ex-primeira-dama da Namíbia e integrante do conselho. O relatório, baseado em dois anos de pesquisas, evidencia que sociedades mais desiguais são mais vulneráveis a surtos.

Segundo o estudo, altos níveis de desigualdade facilitam a disseminação de doenças e dificultam as respostas. Como resultado, as pandemias se tornam mais longas, letais e disruptivas. Esse padrão se repetiu na Covid-19, Aids, Ebola e Mpox.

Pandemias ampliam disparidades e criam um ciclo perverso

O documento é claro: as pandemias não apenas surgem em contextos de desigualdade, mas também a aprofundam. O risco de morte é maior em sociedades desiguais. Por outro lado, a redução da pobreza aumenta a resiliência das comunidades.

Um exemplo atual é o acesso a novas tecnologias. Injeções de longa duração para prevenir o HIV já estão disponíveis, mas a questão econômica ainda determina sua difusão. A concentração de renda agravada pela Covid-19 torna esse cenário ainda mais crítico.

Quatro recomendações para quebrar o ciclo

O conselho propõe uma abordagem de Prevenção, Preparação e Resposta (PPR) baseada em quatro pilares:

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  1. Reorganizar o sistema financeiro: renegociar dívidas e repensar o financiamento de emergência, abandonando políticas de austeridade.
  2. Investir na prevenção: atacar os determinantes sociais das pandemias com mecanismos de proteção social robustos.
  3. Fortalecer a produção local: criar nova governança em pesquisa e desenvolvimento, tratando o compartilhamento de tecnologias como bem público.
  4. Construir confiança e governança multissetorial: unir sociedade civil e governos para respostas mais equitativas e eficientes.

O caminho, portanto, exige ação conjunta. “Precisamos agir juntos contra as desigualdades, as quais tornam as pandemias mais prováveis, letais e custosas”, conclui um especialista do conselho.

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