quarta-feira, 17 setembro, 2025

Big Techs e Inteligência Artificial: a nova face do complexo militar dos EUA

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Em junho de 2025, o Exército dos Estados Unidos anunciou que executivos de gigantes da tecnologia, como Meta, OpenAI e Palantir, foram nomeados tenentes-coronéis do Destacamento 201. O objetivo é aproximar líderes do setor tecnológico das Forças Armadas, criando uma ponte entre inovação digital e estratégia militar.

O movimento reacendeu debates sobre o papel das big techs na guerra moderna. Em livro publicado neste mês, o sociólogo brasileiro Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), denuncia a integração da Inteligência Artificial (IA) aos conflitos militares em parceria com empresas como Google, Amazon e Microsoft.

As big techs na guerra digital

No livro As big techs e a guerra total: o complexo militar-industrial-dataficado, Amadeu mostra como a IA deixou de ser apenas ferramenta de inovação e passou a ser um instrumento geopolítico. Segundo ele, sistemas de IA são usados para identificar alvos militares a partir de rastros digitais coletados em redes sociais e dispositivos móveis.

Um dos exemplos mais citados é a Faixa de Gaza, que teria servido como laboratório para o uso de algoritmos de IA na definição de alvos fora das áreas de combate. “É a fabricação de alvos a partir de dados de redes sociais”, afirmou o professor em entrevista à Agência Brasil.

O complexo militar-industrial-dataficado

O conceito de “complexo militar-industrial”, popularizado pelo ex-presidente Dwight Eisenhower, ganha nova dimensão na era digital. Agora, em vez de apenas fornecer armamentos, as big techs estão no centro da estratégia militar dos EUA. Projetos como o Maven, da Google, e contratos bilionários com Amazon e Palantir exemplificam essa integração.

Para Amadeu, a nomeação de executivos de tecnologia como oficiais militares confirma que o complexo de guerra se tornou dataficado, ou seja, baseado no processamento massivo de dados para fins militares.

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A resposta brasileira e a soberania digital

No Brasil, a discussão ganha relevância diante da dependência de serviços estrangeiros. Em 7 de setembro, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos lançou, em parceria com Serpro e Dataprev, a Nuvem Soberana. A iniciativa busca armazenar dados estratégicos do governo em infraestrutura própria, ainda que apoiada em tecnologia internacional.

Amadeu reconhece o avanço, mas alerta: “Ter a nuvem da Amazon ou da Microsoft localizada no Brasil não é suficiente. O Cloud Act e outras leis americanas submetem os dados ao Estado norte-americano”.

O papel geopolítico das big techs

O professor reforça que as big techs não são empresas neutras, mas atores geopolíticos. Ao oferecer serviços de nuvem, algoritmos e infraestrutura digital, elas fortalecem os interesses estratégicos dos EUA e de aliados, como Israel.

Para ele, o Brasil precisa investir em infraestruturas públicas de dados, reduzindo a dependência de empresas estrangeiras. “Não há soberania nacional sem soberania digital. Colocar dados de saúde e educação nas mãos das big techs é abrir espaço para vulnerabilidades estratégicas”, conclui.

Principais pontos da denúncia

  • Big techs integram o centro das operações militares dos EUA.
  • IA é usada para definir alvos militares, inclusive na Faixa de Gaza.
  • Brasil depende de serviços de nuvem estrangeiros, o que fragiliza a soberania digital.
  • A Nuvem Soberana é um avanço, mas ainda insuficiente diante do domínio das big techs.

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