Associações representativas de bares, restaurantes, fabricantes e importadores de bebidas destiladas estão promovendo treinamentos gratuitos para orientar donos e funcionários de estabelecimentos sobre como identificar bebidas falsificadas ou adulteradas. A iniciativa é organizada pela Abrasel, ABBD e Abrabe.
Como identificar bebidas falsificadas
Os cursos detalham sinais de falsificação em garrafas, tampas, rótulos e líquidos. O primeiro ponto de atenção é a tampa, considerada o principal item de segurança. Tampas originais apresentam acabamento preciso e arte impressa de alta qualidade. A presença de lacres plásticos sobrepostos a tampas decoradas pode indicar adulteração.
Outro fator é o selo fiscal, obrigatório em bebidas destiladas importadas. Produzido pela Casa da Moeda, o selo legítimo revela apenas uma letra por vez (R, F ou B). Se todas forem visíveis simultaneamente, há indício de falsificação.
As associações também destacam que garrafas da mesma marca devem ter nível de enchimento uniforme e líquidos translúcidos, sem impurezas. Diferenças de cor entre unidades ou erros de grafia nos rótulos são sinais de alerta.
Riscos legais e sociais
O treinamento alerta ainda para os riscos do mercado ilegal. Estabelecimentos que compram de canais informais podem ser responsabilizados criminalmente. Outro ponto é o descarte correto das garrafas vazias, já que 100% das bebidas falsificadas apreendidas em operações policiais foram envasadas em recipientes originais reutilizados.
Segundo o presidente da ABBD, Eduardo Cidade, os produtos ilegais são vendidos, em média, 35% mais baratos, podendo chegar a 48% de diferença em relação ao original. “Isso coloca em risco a saúde da população e fortalece o comércio ilícito”, afirmou.
Dados preocupantes
Um levantamento do Núcleo de Pesquisas da FHORESP, realizado em abril, aponta que 36% das bebidas comercializadas no Brasil são falsas, adulteradas ou contrabandeadas. A federação recomenda atenção redobrada nas compras: verificar procedência, adquirir apenas de fornecedores conhecidos e sempre exigir nota fiscal.
O alerta é ainda mais forte para festas em locais sem alvará e sem fiscalização, onde a circulação de bebidas falsificadas é mais frequente e perigosa para os consumidores.
Medo muda hábitos de consumo
Os casos de contaminação com metanol no estado de São Paulo já alteram a rotina dos bares e consumidores. O garçom Marcílio Eduardo Ferreira da Silva Júnior, por exemplo, disse que pode cancelar sua festa de aniversário devido ao medo de bebidas adulteradas.
Em Santa Cecília, zona oeste da capital paulista, o funcionário Rafael Douglas Martins relatou que o consumo de destilados caiu e que seu bar suspendeu as vendas de whisky, gin, caipirinha e vodca por segurança, mesmo com fornecedores confiáveis. “É uma questão de proteção para nós e para os clientes”, afirmou.