A Federação das Indústrias de SC (FIESC) criticou duramente o acordo comercial entre Argentina e Estados Unidos, classificando-o como uma demonstração clara de falta de compromisso com o Mercosul. A entidade alerta para os riscos ao acordo do bloco com a União Europeia, em negociação há 20 anos.
Acordo ameaça negociação Mercosul-União Europeia
Segundo o presidente da FIESC, Gilberto Seleme, o acordo sinaliza que a Argentina estaria disposta a se retirar do bloco em um momento delicado. “Resta saber que medidas o Brasil e os demais países do Bloco tomarão em relação à continuidade de participação”, destacou.
A principal preocupação da federação catarinense é o impacto sobre as negociações com a União Europeia, consideradas estratégicas para a indústria brasileira e que estão em andamento há aproximadamente duas décadas.
Produtos brasileiros perdem competitividade
Maria Teresa Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, alerta que os textos oficiais mostram preferência a produtos norte-americanos em setores estratégicos. A Argentina dará vantagem a itens como medicamentos, produtos químicos, máquinas e veículos motorizados dos EUA.
“Nas situações em que os produtos brasileiros concorrem com as vendas da Argentina para o mercado dos Estados Unidos, o Brasil perderia competitividade”, explicou Bustamante. Isso ocorre porque os preços embutiriam tarifas menores do que as impostas ao Brasil.
Fim de barreiras não tarifárias beneficia EUA
O acordo prevê ainda a redução ou eliminação de barreiras não tarifárias, como a exigência de licenciamento de importações. Também permitirá que empresas americanas utilizem padrões dos EUA ou internacionais sem requisitos adicionais de conformidade.
Estas medidas criam um ambiente mais favorável para produtos norte-americanos em comparação com os brasileiros no mercado argentino.
Reflexos para a indústria catarinense
O posicionamento da FIESC reflete a preocupação do setor industrial catarinense com a possível fragmentação do Mercosul. Santa Catarina, como estado exportador, tem interesse direto na manutenção e fortalecimento do bloco comercial.
A federação aguarda os desdobramentos da decisão unilateral da Argentina e os potenciais efeitos sobre as relações comerciais regionais. O caso representa mais um capítulo nas tensões sobre o futuro do Mercosul e sua capacidade de manter a coesão entre seus membros.







