Com o aumento dos crimes cibernéticos e o risco crescente de vazamento de dados em ambientes corporativos e públicos, a Assembleia Legislativa promoveu nesta segunda-feira (20) o Seminário de Prevenção a Golpes e Fraudes. O evento, realizado no Plenarinho Paulo Stuart Wright, reuniu servidores, terceirizados e estagiários para uma série de palestras voltadas à conscientização sobre segurança digital.
As apresentações foram conduzidas pelo delegado Luiz Felipe Rosado, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática da Deic, e pelo investigador de crimes cibernéticos Elias Edenis de Oliveira, ambos especialistas no combate e prevenção a fraudes digitais.
Crimes virtuais cresceram durante a pandemia
O delegado Rosado destacou que o período da pandemia da Covid-19 foi marcado por uma escalada nos crimes virtuais. “As pessoas passaram a trabalhar e estudar online, enquanto os criminosos se especializaram em golpes digitais”, afirmou. Mesmo com um índice de resolução de 86% dos casos investigados, o delegado ressaltou que os prejuízos ainda são expressivos, especialmente quando as vítimas acabam fornecendo informações sensíveis.
Rosado lembrou que a segurança cibernética não depende de altos investimentos: “Existem antivírus gratuitos e medidas simples que ajudam na proteção. O essencial é cuidar da confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados pessoais”.
Golpes e engenharia social
Segundo o delegado, cerca de 90% dos crimes cibernéticos bem-sucedidos envolvem a chamada engenharia social — manipulação psicológica que leva o usuário a fornecer informações. Os golpes mais comuns incluem phishing via SMS ou e-mail, ligações falsas, promessas de vantagens financeiras e ataques com malwares e ransomwares.
“Os ransomwares são especialmente perigosos, pois sequestram dados e exigem resgate, muitas vezes em criptomoedas”, explicou. Esses ataques podem bloquear sistemas inteiros e ameaçar expor informações corporativas se o pagamento não for feito.
Cuidados com equipamentos e senhas
O delegado alertou que os criminosos se aproveitam da confiança das vítimas. Por isso, recomenda o uso de senhas fortes e exclusivas para cada serviço, combinando letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos. Também é essencial proteger dispositivos pessoais e bloquear a tela ao se ausentar do local de trabalho.
Protocolos de segurança em camadas
O investigador Elias Edenis de Oliveira, professor de contrainteligência na Acadepol, apresentou protocolos para reforçar a proteção de dados. Ele explicou que a segurança digital deve funcionar em camadas, comparáveis a uma “cebola de proteção”, que envolvem:
- Comportamentos pessoais seguros;
- Configurações adequadas de contas e serviços online;
- Proteção de dados em trânsito;
- Armazenamento seguro de informações.
“Mesmo os investigadores estão sujeitos a riscos. O segredo está em reduzir a superfície de ataque e aplicar protocolos personalizados”, afirmou Elias.
Comportamento e exposição nas redes
De acordo com o investigador, fatores como curiosidade, urgência, medo e ganância são os principais gatilhos usados pelos golpistas. “Tudo o que parece bom demais, provavelmente não é verdade”, alertou. Ele também destacou o perigo da exposição excessiva em redes sociais. “Não existe uma pessoa que não tenha seus dados vazados. Se ainda não foi alvo, será em algum momento.”
Crimes contra instituições públicas
Grande parte dos ataques tem motivação financeira, como golpes de anúncios falsos, empréstimos consignados e antecipações de recebíveis. Contudo, ataques a instituições públicas também são frequentes, já que esses órgãos armazenam grandes volumes de dados e possuem sistemas interconectados.
“Hackear uma prefeitura de pequeno porte pode abrir caminho para acessar órgãos maiores, até ministérios”, explicou Elias. Ele também alertou para o envolvimento de organizações criminosas no setor de tecnologia, usando empresas e fintechs para lavar dinheiro e financiar novas operações.