Por: Mayra Leite – redatora Seo On
Notícias de Chapecó – Um feto com aproximadamente seis a sete meses de desenvolvimento foi encontrado dentro de uma privada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Chapecó, no Oeste catarinense. O caso ocorreu no dia 13 de julho, mas só veio a público na noite de quinta-feira (31), após o interrogatório do casal envolvido. O episódio mobilizou autoridades de saúde e segurança e causou comoção na cidade.
Relato da equipe médica e início da investigação
O feto foi localizado por profissionais da UPA, que notaram uma grande quantidade de sangue e papel higiênico em um dos vasos sanitários. Ao verificarem o local, encontraram o feto junto à placenta. A área foi imediatamente isolada, e as polícias Civil e Científica foram acionadas para realizar a perícia no local e iniciar a investigação.
Depoimento da mãe: dor, confusão e fuga
Em depoimento à Polícia Civil, a mulher afirmou que não sabia da gravidez. Relatou que, ao sentir fortes dores abdominais pela manhã, pediu para que o marido a levasse até a UPA. Após passar pela triagem, aguardava atendimento quando foi ao banheiro e teve um sangramento intenso, sujando a roupa e o vaso sanitário.
Ela disse ainda que não percebeu que havia expelido o feto e acreditou que o sangramento era apenas uma menstruação anormal. O casal então decidiu voltar para casa, sem realizar a consulta médica, alegando que a fila estava longa.
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Polícia avalia se aborto foi espontâneo ou provocado
A Polícia Científica trabalha com duas possibilidades: aborto espontâneo ou induzido. A mulher nega ter ingerido qualquer substância abortiva. Exames laboratoriais e genéticos estão em andamento para esclarecer se houve algum tipo de interferência externa na gestação e determinar se o caso configura crime.
Enquanto os laudos não ficam prontos, a Polícia Civil continua colhendo depoimentos e reunindo provas. O caso segue sob sigilo parcial e o endereço da unidade de saúde não foi divulgado para preservar a investigação.
Debate legal e repercussão social
O episódio reabriu discussões delicadas sobre saúde reprodutiva, acesso à informação sobre gravidez e os limites legais do aborto no Brasil. Atualmente, a legislação brasileira permite o aborto apenas em três situações: quando há risco à vida da gestante, em caso de estupro ou se o feto for anencéfalo.
A comoção gerada pelo caso também trouxe à tona temas como o desconhecimento de gestações, a saúde da mulher em contextos vulneráveis e o medo de procurar ajuda em tempo hábil. Grupos sociais e profissionais da área de saúde alertam para a importância da educação sexual, acompanhamento ginecológico e apoio psicológico a mulheres em situações de emergência.
Fonte: Portal G1 / Foto: freepik