O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje maus um lote de informações com resultados do Censo 2022. Desta vez o tema é a alfabetização e Santa Catarina lidera o ranking
Com 97,3% da população acima de 15 anos alfabetizada, Santa Catarina possui a maior taxa de alfabetização do Brasil. No extremo-oeste, São João do Oeste é o município com a maior taxa (99,1%), único do país com analfabetismo abaixo de 1%. No ranking das dez melhores taxas, Rio Fortuna (98,84%), no sul do estado, aparece em terceiro lugar, e Balneário Camboriú (98,81%) em quinto, único município com mais de 100 mil habitantes da lista. Florianópolis (98,6%) vem em seguida, em 11.º, com a melhor taxa entre as capitais e entre os 41 municípios com mais de 500 mil habitantes do Brasil.
Comparado ao último Censo, o estado de Santa Catarina aumentou seu percentual de alfabetização em 1,4 p.p., posicionando-se à frente do Distrito Federal (97,2%). De 2010 para 2022, o número de catarinenses de 15 anos ou mais de idade não-alfabetizados diminuiu de 202,5 mil para 165,2 mil. Na taxa complementar, a média catarinense de analfabetismo caiu para 2,7% e a nacional para 7%. O IBGE considera a taxa de analfabetismo entre 15 anos ou mais, conforme a recomendação para os Censos Populacionais da Divisão de Estatística da ONU.
11 municípios catarinenses são destaques nacionais em suas classes de tamanho da população
Com 1,4% de não-alfabetizados, Florianópolis tem a menor taxa de analfabetismo entre os municípios com mais de 500 mil habitantes do Brasil, à frente de Curitiba (1,5%). Joinville aparece em terceiro lugar, com 1,6%. O estado possui 11 municípios em destaque entre as cinco menores taxas de analfabetismo do país em todas as classes de tamanho da população:
Agrupando os municípios por classe de tamanho, em regra geral, os índices de analfabetismo no Brasil são menores em municípios maiores, com taxas médias de 3,2% nos municípios acima de 500 mil habitantes e de 4,5% nos municípios entre 100 mil e 500 mil.
A média do analfabetismo dos municípios entre 50 mil e 100 mil habitantes sobe para 8,3% e entre os municípios menores esta média chega a 13,6%. No estado, dos 14 municípios acima de 100 mil habitantes apenas Lages, com 3,6%, possui taxa de analfabetismo acima da média estadual de 2,7%. Embora haja exceções, com municípios pequenos em posições de destaque, 233 dos 295 municípios ultrapassam a média de analfabetismo catarinense.
Comparado ao cenário brasileiro, 44 municípios catarinenses estão acima dos 7% da média nacional. Em números absolutos, dos 165,2 mil catarinenses não-alfabetizados, 53,2 mil (32,1%) estão nos 14 municípios com mais de 100 mil habitantes, e 112 mil (67,9%) nos 281 municípios menores.
As cinco menores taxas do estado estão em São João do Oeste (0,9%), Rio Fortuna (1,2%), Baleário Camboriú (1,2%), Florianópolis (1,4%) e Pomerode (1,4%). As maiores taxas estão em Coronel Martins (10,3%), Campo Belo do Sul (10,4%), Galvão (11,6%), Cerro Negro (11,7%) e Flor do Sertão (11,7%).
Desagregação por grupos de idade reflete dívida histórica educacional
Na desagregação por grupos de idade, os resultados trazem o retrato do investimento em educação básica em décadas passadas. A taxa de analfabetismo por grupos de idade reflete a dívida histórica educacional brasileira entre os mais velhos, também observada no estado. No Brasil e em Santa Catarina, observa-se que os menores índices estão entre os nascidos a partir da década de 1990 (inferiores a 2% e a 1%, respectivamente), e para os nascidos antes de 1980 os índices praticamente dobram a cada década tanto no país quanto no estado.
Analfabetismo é maior entre indígenas e negros
Na desagregação por cor ou raça, tanto no país quanto no estado, as diferenças das taxas de analfabetismo diminuíram, mas continuam consideráveis. As populações branca e amarela possuem taxa de analfabetismo menor que as populações de cor preta, parda e indígena, sendo que todas essas últimas possuem taxas acima das médias nacional (7%) e estadual (2,7%).
Em Santa Catarina, a taxa de analfabetismo entre pessoas pretas (4,4%) é o dobro da taxa de analfabetismo entre as brancas (2,2%) e no país esta diferença supera o dobro – brancas com 4,3% e pretas com 10,1%.
Observa-se também que esta diferença diminuiu com maior velocidade no estado do que no país. No Brasil, a variação do analfabetismo entre brancos e pretos em 2010 de 8,5 p.p., passou para 5,8 p.p. em 2022. Já em Santa Catarina, a diferença que era de 5,4 p.p. em 2010, diminui para a metade em 2022, ficando em 2,2 p.p.
As pessoas de cor ou raça indígena possuem as maiores taxas de analfabetismo tanto no país quanto no estado. No Brasil, em 2010, a taxa de analfabetismo indígena era de 23,3%, 13,7 p.p. acima da média de 9,6% considerando todas as cores ou raças. Naquele mesmo Censo, a diferença da taxa entre brancos (5,9%) e indígenas (23,3%) era de 17,4 p.p.
Em 2022, essas diferenças passaram para 9,1 p.p. considerando a média nacional de 7%, e 11,8 p.p. comparada aos 4,3% da população branca. Mesmo diminuindo, o analfabetismo indígena no Brasil (16,1%) segue 3,7 vezes maior que o da população branca (4,3%).
Cenário semelhante ocorre no estado, para os 14,2 mil catarinenses de cor ou raça indígena de 15 anos ou mais, porém com os percentuais reduzidos pela metade. Em 2010, a diferença da taxa de analfabetismo desta população (11,8%) para a média catarinense (4,1%) era de 7,7 p.p., e de 8,4 p.p. comparando com a população branca (3,4%). Já em 2022, com 8,2% de analfabetismo entre os indígenas, essa diferença diminuiu para 5,5 p.p. se comparado à média estadual (2,7%), e 6 p.p. comparado à taxa dos brancos (2,2%).
O estado também apresenta a taxa de analfabetismo indígena 3,7 vezes maior que a da população branca.
Analfabetismo inicia em diferentes gerações conforme cor ou raça
No cruzamento das desagregações por faixa etária e cor ou raça, em Santa Catarina a taxa de analfabetismo para os indígenas ultrapassa 2% nos grupos acima de 25 anos, enquanto para pretos e pardos isso ocorre a partir do grupo de 35 anos ou mais e para brancos e amarelos apenas a partir do grupo de 55 anos de idade.
Utilizando o mesmo parâmetro, no Brasil a taxa de analfabetismo de pretos e pardos ultrapassa os 2% a partir do grupo de 25 a 34 anos; para brancos a partir de 35 anos e para amarelos a partir dos 45 anos de idade. A menor taxa de analfabetismo indígena é de 6,5% nos grupos entre 15 e 24 anos.