Chapecó testemunhará um ato histórico de resistência e fé neste sábado (15), com a Caminhada das Religiões de Matriz Africana. O evento, que sai às 15h da Praça Coronel Bertaso, busca promover dignidade, respeito e o direito de existir sem medo para as tradições afro-brasileiras.
Movimento pela união e contra a intolerância religiosa
Para Pai Guilherme Ty Iroko, um dos organizadores, a caminhada representa um gesto poderoso de coletividade. “É um movimento contra a intolerância religiosa, pela união entre as famílias de axé. Queremos levar as religiões de matrizes africanas e brasileiras para a rua”, afirmou.
Ele reforça que o evento vai além da caminhada em si: “É sobre mostrar a força de tradições que sobrevivem há séculos, apesar da perseguição e dos estigmas. Mostrar que a fé afro-brasileira pulsa, ensina, acolhe e cura.”
Direito de existir e ser visível na sociedade
Bàbá Dyonathan t’ Oyá, do Ilé Aféfé t’Oyá, destaca que a caminhada simboliza o direito fundamental de existir. “Representa o direito de existir, onde cada terreiro leva consigo sua matriz ancestral, promovendo um diálogo intercultural”, explicou.
Ele enfatiza a importância de reconhecer a diversidade religiosa em Chapecó: “A cidade abriga diferentes comunidades e religiosidades, e todas elas possuem o direito de existir e serem respeitadas.”
Conhecimento como arma contra o preconceito
Ambas as lideranças concordam que o combate à intolerância passa pela educação. Pai Guilherme afirma: “Quanto mais conhecimento transmitirmos às pessoas, mais forte será o combate ao preconceito dentro de nossa cidade.”
Bàbá Dyonathan complementa, lembrando que por muitos anos as comunidades de terreiro se protegeram através do silêncio: “Esse silêncio, se por um lado protegeu, por outro reverberou os ecos da intolerância.”
Manifesto por uma cidade mais justa e humana
A caminhada se configura como um tríplice ato simbólico: denúncia contra o ódio, abraço entre comunidades que resistem há séculos e manifesto por uma Chapecó mais justa e empática.
O evento é organizado pelo Conselho Afro Religioso da cidade e convida toda a população, independentemente de crença, para participar. A mensagem central é clara: diversidade não ameaça, enriquece, e nenhuma fé deve ser tratada com medo ou violência.
A concentração começa às 15h na Praça Coronel Bertaso, de onde os participantes seguirão em caminhada pelas principais avenidas da cidade, levando cores, cantos e a força das tradições ancestrais para o espaço público.







