Os argentinos votam neste domingo (26) em uma eleição considerada um referendo sobre as políticas de austeridade do presidente Javier Milei. O pleito ocorre em meio a um resgate econômico liderado pelos Estados Unidos, que injetaram US$ 20 bilhões em swap cambial no país.
Austeridade divide opinião pública
As medidas de “terapia de choque” aplicadas por Milei reduziram a inflação e geraram superávit fiscal, o que agradou investidores e recebeu elogios do governo Trump. No entanto, a popularidade de Milei caiu — sinal de que muitos argentinos estão insatisfeitos com o impacto social do ajuste.
Durante reunião recente na Casa Branca, o ex-presidente Trump afirmou que um novo apoio dos EUA dependerá do desempenho do partido de Milei nas eleições de meio de mandato.
O que está em jogo na votação
Serão renovadas 127 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 do Senado. O movimento peronista, principal força de oposição, busca manter sua presença no Congresso, enquanto o partido de Milei, A Liberdade Avança, tenta ampliar seus atuais 37 deputados e seis senadores.
As disputas mais acirradas devem ocorrer na província de Buenos Aires, que concentra grande número de cadeiras.
Analistas veem eleição como termômetro político
De acordo com analistas ouvidos pela Reuters, se o partido de Milei conquistar mais de 35% dos votos, será um sinal de fortalecimento político. Um resultado próximo de 40% seria considerado “muito positivo”.
O desempenho poderá determinar a capacidade de Milei de aprovar reformas econômicas, como mudanças trabalhistas e novos cortes de impostos. Ele precisa de cerca de um terço dos votos nas duas Casas para impedir que a oposição derrube seus vetos.
Para isso, Milei tem buscado alianças, especialmente com o partido PRO, do ex-presidente Mauricio Macri. A força dessas parcerias dependerá do resultado das urnas.
Queda de aprovação e denúncias de corrupção
O índice de aprovação de Milei caiu para menos de 40%, o menor desde o início do mandato. Além das críticas à austeridade, ele enfrenta acusações de corrupção envolvendo pessoas próximas, incluindo sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei, alvo de uma investigação judicial. O presidente classificou as denúncias como uma “campanha de difamação política”.
Apesar das polêmicas, analistas afirmam que o partido de Milei tem presença nacional mais consolidada que nas eleições legislativas de 2023. “Ele inevitavelmente aumentará suas cadeiras. A questão é: até que ponto?”, resume o consultor político Facundo Cruz.







