Narciso Barone
O Ministério da Saúde anunciou uma nova estratégia para reduzir a fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa, chamada Agora Tem Especialistas, permite que pacientes da rede pública sejam atendidos gratuitamente por hospitais e clínicas privadas ligadas a planos de saúde. A proposta já entra em vigor neste mês de agosto.
A medida visa resolver uma das maiores dores dos brasileiros: o tempo de espera para consultas e exames especializados. Com a integração entre os setores público e privado, o governo espera agilizar atendimentos em áreas críticas como oncologia, cardiologia e ginecologia.
Como funciona o novo programa do SUS
A proposta é simples: as operadoras de planos de saúde poderão trocar dívidas com o Governo pela oferta de serviços à população do SUS. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente os planos devem cerca de R$ 1,3 bilhão ao sistema público — e cerca de R$ 750 milhões devem ser abatidos em 2025 com essa nova lógica de atendimento.
Os planos interessados poderão se inscrever a partir do dia 11 de agosto, após a publicação oficial das regras no dia 4. Eles deverão cumprir uma série de exigências, como comprovar capacidade técnica e ofertar um volume mínimo de atendimentos por mês.
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Como o paciente será atendido?
O processo de atendimento continuará começando pelas unidades básicas de saúde. O paciente passará por avaliação médica normalmente e, caso precise de atendimento especializado, será encaminhado pela fila regulatória do SUS, que decidirá se ele será atendido por uma unidade pública ou conveniada a um plano de saúde.
O paciente não poderá escolher para onde será encaminhado. O direcionamento dependerá da disponibilidade e da organização da fila.
Regiões e especialidades prioritárias
O programa foi desenhado para priorizar regiões e especialidades onde há maior carência. Veja a divisão regional:
- Sudeste: 36,5% da oferta de atendimentos
- Nordeste: 24%
- Sul: 11,5%
- Centro-Oeste: 10%
- Norte: 10%
- Serviços estratégicos em todo o país: 10%
As áreas médicas prioritárias são:
- oncologia
- oftalmologia
- ortopedia
- otorrinolaringologia
- cardiologia
- ginecologia
Fiscalização garantida: SUS não será prejudicado
Para garantir que os usuários dos planos de saúde não fiquem sem assistência, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) afirmou que haverá mecanismos de fiscalização rígidos. As operadoras que deixarem de atender seus próprios clientes para priorizar o SUS serão penalizadas com multas e outras sanções.
A diretora da ANS, Carla de Figueiredo Soares, reforçou que não haverá espaço para desequilíbrios. A intenção é somar forças e não gerar mais problemas no sistema de saúde brasileiro.
Fonte: O Globo