O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, fez um pronunciamento direto nesta terça-feira (15), apontando que países como Brasil, China e Índia podem enfrentar tarifas de até 100% por continuarem a importar petróleo e derivados da Rússia. A fala veio logo após uma reunião com congressistas norte-americanos, que discutem um projeto de lei prevendo sanções econômicas rigorosas para nações que seguem negociando com Moscou.
Segundo Rutte, a intenção é pressionar o governo russo a levar as negociações de paz na Ucrânia a sério. Ele afirmou:
“Se você é o presidente da China, o primeiro-ministro da Índia ou o presidente do Brasil e ainda negocia com os russos, saiba que eu lhe aplicarei sanções secundárias de 100%.”
Brasil está entre os maiores importadores de diesel russo
Em 2024, o Brasil importou cerca de US$ 5,4 bilhões em diesel da Rússia, sendo um dos países que mais comprou esse combustível no período. O dado representa um recorde na balança comercial, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Essa alta dependência de combustível russo coloca o Brasil no centro da discussão global sobre as sanções econômicas. Se o projeto de lei for aprovado nos Estados Unidos, o país pode ser diretamente afetado por tarifas que encareceriam substancialmente o produto.
Estados Unidos intensificam postura contra a Rússia
O ex-presidente Donald Trump, atualmente à frente do governo norte-americano, declarou nesta segunda-feira (14) que pretende adotar medidas “muito severas” contra a Rússia caso a guerra na Ucrânia não tenha um cessar-fogo dentro de 50 dias. A Casa Branca confirmou que a tarifa sobre o petróleo russo poderá chegar a 100%, com sanções secundárias aplicadas a países que mantêm comércio com Moscou.
Além disso, os Estados Unidos devem enviar novos armamentos à Ucrânia, incluindo sistemas de defesa aérea Patriot. A medida também prevê que os países europeus contribuam com o financiamento da guerra por meio de repasses e apoio logístico.
Projeto de lei nos EUA prevê tarifas ainda mais altas
O Congresso dos Estados Unidos está analisando um projeto de lei que conta com o apoio de 85 dos 100 senadores, propondo tarifas que podem chegar a 500% sobre produtos como petróleo, gás e urânio comprados da Rússia por países estrangeiros.
Uma proposta ainda mais ousada cogita o uso de ativos russos congelados, incluindo US$ 5 bilhões já bloqueados nos EUA, para financiar diretamente a reconstrução e o suporte militar à Ucrânia. Essa ideia, no entanto, ainda gera debates, já que nunca antes um presidente norte-americano confiscou ativos do banco central de um país com o qual não esteja oficialmente em guerra.
Kremlin considera medidas uma ameaça séria
Em resposta às declarações e ao possível endurecimento das sanções, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as falas de Rutte e as propostas americanas são “sérias” e que o governo russo está analisando cuidadosamente a situação antes de reagir formalmente.
Fonte: Com informações do portal CBN