O Sistema Único de Saúde (SUS) vai expandir a capacitação em cuidados paliativos para profissionais da atenção primária a partir de 2026. A iniciativa, uma parceria do Ministério da Saúde com o Hospital Sírio-Libanês, tem como objetivo melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves. O projeto alcançará 20 estados, focando em um olhar integral que vai além do tratamento curativo.
De acordo com a coordenadora médica do projeto, Maria Perez, há um equívoco comum sobre a prática. “A compreensão mais frequente é que os cuidados paliativos são utilizados apenas em pacientes terminais, sem chance de cura. Mas isso não é correto”, explicou. Conforme a OMS, a abordagem deve começar desde o diagnóstico de uma doença ameaçadora da vida, tratando sintomas físicos, emocionais e sociais.
Projeto já capacitou mais de 10 mil profissionais e atendeu 12 mil pacientes
O projeto, desenvolvido via Proadi-SUS desde 2020, já capacitou mais de 10 mil profissionais e identificou mais de 12 mil pacientes com demandas paliativas. Inicialmente focado em hospitais e atendimento domiciliar, o programa foi reformulado em 2024. Agora, inclui também unidades de pronto atendimento (UPAs) e serviços do SAMU, que estão mais próximos das secretarias estaduais de Saúde.
“A gente teve a participação de 49 hospitais, 54 serviços de atendimento domiciliar, 11 ambulatórios, 19 UPAs e 16 Samus espalhados pelo Brasil”, detalhou Maria Perez. A expectativa é alcançar um terço das macrorregiões do país até o final de 2026.
Iniciativa muda a visão de profissionais de emergência e urgência
Para profissionais de serviços como o SAMU, a abordagem representou uma mudança de paradigma. “Para os profissionais que atuam com urgência e emergência, cuidados paliativos eram algo muito novo. O foco sempre foi salvar vidas”, disse Rita de Cássia Duarte, enfermeira do SAMU do Vale do Paraíba. O projeto ensinou que, mesmo em casos sem cura, é possível oferecer acolhimento, controle da dor e respeito aos valores do paciente.
Portanto, a formação enfatiza a identificação da demanda e o “cuidado centrado na pessoa”. Isso envolve entender a história de vida do paciente para planejar o melhor tratamento, considerando a relação risco-benefício de cada intervenção. O projeto também resultou na produção de um Manual de Cuidados Paliativos, adotado como referência no SUS.
Em resumo, a expansão do projeto marca um avanço significativo na humanização do atendimento no SUS. A medida visa garantir que pacientes com doenças graves recebam dignidade e conforto em todas as etapas do cuidado.






