O agronegócio foi o principal destaque positivo do IBC-Br, indicador de atividade econômica divulgado pelo Banco Central, ao registrar crescimento de 3,07% em outubro, na comparação mensal. O desempenho contrasta com o cenário de retração observado nos demais setores da economia no mesmo período.
Enquanto a indústria recuou 0,74% e o setor de serviços caiu 0,23%, a agropecuária avançou de forma expressiva, destoando completamente do movimento de desaceleração da atividade econômica. O resultado reforça o papel do campo como um dos principais motores do crescimento brasileiro em 2025.
Agronegócio lidera crescimento no acumulado de 12 meses
No acumulado de 12 meses, a diferença entre os setores se torna ainda mais evidente. O agronegócio apresenta alta de 13,26%, enquanto a indústria avança apenas 1,44% no mesmo período. Os números divulgados nesta segunda-feira (15) evidenciam a dinâmica própria do setor agropecuário, menos dependente do crédito doméstico, fortemente impactado pela taxa Selic em 15%, e mais atrelado à demanda global por alimentos.
Além disso, fatores como safra recorde e condições climáticas favoráveis têm sustentado o ritmo de produção, mesmo com o mercado interno mostrando sinais de desaquecimento.
Sem o agro, resultado do IBC-Br seria negativo
Segundo analistas, sem o desempenho do agronegócio, o IBC-Br geral teria apresentado uma retração próxima ou superior a 0,5%, o que aumentaria o pessimismo do mercado e pressionaria negativamente o Produto Interno Bruto (PIB).
O setor também já havia sido fundamental para o resultado positivo da balança comercial, garantindo superávit por meio das exportações, em um contexto de consumo interno mais fraco.
Agronegócio funciona como amortecedor da economia
Os dados reforçam a percepção de que o agronegócio atua como um amortecedor do PIB brasileiro, garantindo entrada de dólares, sustentando economias regionais e mantendo a atividade em áreas do interior do país. Em meio a uma política monetária restritiva, o setor tem sido apontado como uma espécie de “seguro” contra recessões mais profundas.
No entanto, o resultado também evidencia a dependência crescente da economia brasileira das commodities. Com juros elevados impactando a indústria de transformação, o crescimento segue concentrado no campo, o que amplia a exposição do país às oscilações do mercado internacional.
Economia em duas velocidades
Enquanto centros industriais e financeiros, especialmente no Sul e Sudeste, enfrentam desaceleração, o Centro-Oeste segue em ritmo acelerado, impulsionado pelo agronegócio. Esse descompasso mostra que o Brasil opera atualmente em duas velocidades econômicas distintas, o que tende a dificultar a calibração da política monetária nos próximos meses.
O cenário reforça o desafio do Banco Central em equilibrar o combate à inflação com a necessidade de estimular setores mais sensíveis ao crédito, sem comprometer o desempenho positivo do agronegócio.






