A alta na conta de luz pressionou a inflação oficial em julho, levando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a fechar o mês em 0,26%. O resultado ficou acima do de junho (0,24%), segundo dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mesmo com o avanço, o índice foi amenizado pela queda nos preços dos alimentos pelo segundo mês consecutivo. Em julho de 2024, a taxa havia sido de 0,38%.
Acumulado em 12 meses
Com o resultado, o IPCA acumula 5,23% em 12 meses, acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O patamar, porém, é menor que o registrado no período encerrado em junho (5,35%) e inferior ao pico de abril (5,53%).
Energia elétrica lidera pressões
A energia elétrica residencial subiu 3,04% em julho, sendo o item de maior impacto individual no índice (0,12 ponto percentual). O grupo habitação avançou 0,91%, puxado pela cobrança da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. A medida, iniciada em junho, foi mantida no mês passado.
Segundo o IBGE, reajustes em concessionárias de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro também contribuíram para a alta. Sem o efeito da energia elétrica, o IPCA ficaria em 0,15% no mês.
Alimentos trazem alívio
O grupo alimentos e bebidas caiu 0,27% em julho, maior recuo desde agosto de 2024 (-0,44%). A queda foi puxada pela alimentação no domicílio (-0,69%), com destaque para batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%).
De acordo com o IBGE, sem a redução dos alimentos, o IPCA de julho teria sido de 0,41%.
Outros destaques
Dos nove grupos pesquisados, três registraram deflação: alimentos e bebidas (-0,27%), vestuário (-0,54%) e comunicação (-0,09%). Entre as altas, além da habitação, destacaram-se:
- Artigos de residência: 0,09%
- Transportes: 0,35% (com passagens aéreas em alta de 19,92%)
- Saúde e cuidados pessoais: 0,45%
- Despesas pessoais: 0,76% (impulsionadas por loterias, +11,17%)
- Educação: 0,02%
Nos combustíveis, houve queda de 0,64%, o quarto recuo mensal seguido. A gasolina caiu 0,51%.
Impacto do tarifaço ainda não apareceu
O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, afirmou que o IPCA de julho ainda não reflete o tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto. Segundo ele, é cedo para avaliar impactos, mas uma possível consequência inicial seria a oferta maior de produtos no mercado interno, pressionando preços para baixo.
Metodologia
O IPCA mede a variação de preços para famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. A coleta ocorre em dez regiões metropolitanas e capitais como Brasília, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
