Após a repercussão da missão humanitária brasileira que rompeu o bloqueio militar e chegou à Faixa de Gaza no final de maio, ativistas brasileiros preparam uma nova e mais robusta iniciativa para denunciar as violações de direitos humanos e levar apoio direto à população palestina. A informação é do ativista e coordenador da missão, Thiago Ávila, em entrevista à Agência Brasil.
“A ideia é construir uma missão internacional com uma delegação ainda maior, com mais pessoas de diferentes movimentos sociais e países, e também levar ajuda humanitária em maior quantidade. Isso está sendo discutido com organizações locais da Palestina e também com movimentos sociais internacionais e da América Latina”, revelou Ávila.
A primeira missão brasileira chegou a Gaza no dia 29 de maio, como parte da Coalizão Antiapartheid na Palestina, composta por mais de 30 organizações da sociedade civil. Eles foram os primeiros representantes da América Latina a entrar no território palestino após o início do conflito entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023. Segundo Ávila, a entrada ocorreu por meio do Egito, e o grupo permaneceu cinco dias na região.
Para o ativista, a ação teve papel político importante ao denunciar os ataques e a crise humanitária em Gaza. “É um marco político para nós e para os palestinos também. Eles viram uma delegação do outro lado do mundo vindo até lá, arriscando a vida e levando solidariedade”, afirmou.
Durante a permanência em Gaza, o grupo visitou abrigos, hospitais e locais destruídos pelos bombardeios, documentando a situação e ouvindo relatos de sobreviventes. “Conversamos com famílias que perderam tudo, com profissionais de saúde trabalhando em condições inumanas. O que vimos foi devastador”, contou Ávila.
Além da denúncia internacional, a missão teve o objetivo de reforçar os laços entre os movimentos sociais da América Latina e a causa palestina. Para Ávila, existe uma conexão direta entre as lutas populares da região e a resistência palestina. “A gente se inspira muito na luta palestina pela libertação e autodeterminação, assim como eles se inspiram na América Latina, em figuras como Che Guevara e nas lutas indígenas e camponesas”, explicou.
O ativista também comentou que, embora o grupo tenha conseguido entrar na Faixa de Gaza de forma pacífica, houve riscos e dificuldades. “É uma zona de guerra, com bombardeios diários e uma destruição quase total da infraestrutura. Foi uma missão arriscada, mas necessária diante do genocídio em curso”, afirmou.
A nova missão está sendo planejada para os próximos meses e deve incluir representantes de países latino-americanos, além de movimentos ligados à saúde, educação e direitos humanos. “Queremos que o mundo continue olhando para Gaza, que a solidariedade internacional aumente e que os governos se posicionem com mais firmeza pelo cessar-fogo e pelo fim do bloqueio”, concluiu Thiago Ávila.