Produção recorde
A safra de grãos 2024/25 consolidou um dos melhores momentos da agricultura catarinense. O Estado colheu 7,85 milhões de toneladas, crescimento de 20,7% em relação ao ciclo anterior, que registrou 6,5 milhões de toneladas. Todos os principais cultivos apresentaram alta: arroz (+12,2%), feijão (+14,1%), milho (+24,7%), soja (+19,1%) e trigo (+40,5%).
O avanço é resultado da combinação entre clima favorável, produtividade recorde e investimentos em tecnologia agrícola. Apesar disso, o cenário de preços preocupa produtores, já que a maior oferta interna e externa pressiona o mercado.
Arroz: produtividade recorde e preços em queda
A produção de arroz chegou a 1,3 milhão de toneladas, alta de 12,2% em relação ao ciclo anterior. A produtividade foi recorde, com 8,95 toneladas por hectare. No entanto, o preço ao produtor caiu cerca de 41%, devido ao excesso de oferta no Brasil e no Mercosul e à demanda estagnada.
Feijão: primeira safra sustenta resultado
O feijão registrou aumento de 14,1%, alcançando 129 mil toneladas. O desempenho foi impulsionado pela primeira safra. O feijão-preto teve leve valorização de 3,99%, mas o mercado segue pressionado pelo excesso de oferta e pela perecibilidade do produto.
Milho: alta mesmo com menos área plantada
Com 2,7 milhões de toneladas colhidas, a produção de milho cresceu 25%. A produtividade média, de 9,8 toneladas por hectare, foi a maior já registrada no Estado. Mesmo com redução de área, o resultado foi expressivo. Os preços, porém, recuaram, influenciados pela segunda safra nacional robusta e pela boa perspectiva nos Estados Unidos.
Soja: área e produtividade impulsionam crescimento
A soja atingiu 3,27 milhões de toneladas, crescimento de 19,1%. O aumento foi resultado do avanço na área plantada e na produtividade média, de 3.931 kg/ha. Apesar de uma leve alta nos preços em junho, o mercado voltou a cair em julho diante da ampla oferta nacional e internacional.
Trigo: recuperação após frustração anterior
O trigo apresentou alta de 40,5%, totalizando 432 mil toneladas. O resultado é reflexo da recuperação após a safra anterior, prejudicada por chuvas intensas na colheita. Mesmo com previsão de redução na área em 2025/26, 98% das lavouras atuais estão em boas condições.
Perspectivas e análise
Para o analista da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, o crescimento é fruto da adoção de cultivares melhoradas, manejo eficiente e condições climáticas favoráveis. “Nesta safra, o clima contribuiu de maneira decisiva, com chuvas regulares”, afirmou.
O desempenho recorde também foi observado no cenário nacional, especialmente em milho, soja e arroz. Porém, a alta oferta no Brasil e no exterior provocou queda nos preços no primeiro semestre de 2025. Segundo Haroldo, a recuperação da produção na Argentina foi um dos fatores que pressionaram o mercado.