A participação das mulheres no setor agropecuário cresce de forma expressiva nas mais diversas atividades em todos os setores do agronegócio. Cada vez mais, elas assumem novas funções e quebram paradigmas em atividades historicamente dominadas pelo público masculino.
O Sistema Faesc/Senar (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e os Sindicatos Rurais têm investido na capacitação feminina, reconhecendo a importância do papel das mulheres no desenvolvimento rural. Entre as ações, estão as capacitações que contribuem para a valorização e fortalecimento das produtoras rurais, possibilitando que ocupem espaços na execução das atividades produtivas e na gestão das propriedades.
Um dos exemplos mais recentes foi a realização do curso “Motosserra – operação e manutenção no corte de árvores para mulheres”, promovido pelo Sistema Faesc/Senar e pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Campos Novos.
A capacitação, realizada na propriedade da empresária rural Paloma Laís Pegoraro, teve duração de 24 horas/aula e foi conduzida pelo instrutor José Eduardo Macado. O objetivo foi ensinar as participantes a operar e a manter motosserras em condições seguras e eficientes, possibilitando maior autonomia nas atividades do campo.
AUTONOMIA
A produtora rural, Sonia Margarete da Rosa Giacometi, reside na comunidade de Dom Bosco Dal Pai e decidiu fazer o curso por um motivo muito simples. “Tinha motosserra, mas não sabia operar. Quando precisava, sempre tinha que esperar o marido chegar para fazer o manuseio de situações como cortar uma árvore caída da estrada ou nas cercas, por exemplo. Resumindo, foi um curso muito proveitoso e muito bem operado. Agora, não dependo de ninguém para operar uma motosserra. Já estou no aguardo para fazer o próximo curso de roçadeiras. Sou grata ao professor, que foi muito determinado em nos ajudar”.
A produtora rural, Claudia Maria Scarabotto Cadore, destacou que sempre participa dos cursos do Senar/SC para aperfeiçoar as atividades do dia a dia na propriedade. “O curso de Operação e manutenção de motosserra foi muito bem aproveitável”, frisou.
Paloma, que além de participante cedeu a propriedade para as aulas, ressaltou a importância da iniciativa para fortalecer o protagonismo feminino no campo e o vínculo familiar. “O curso proporcionou uma oportunidade única para mulheres que nunca haviam manuseado uma motosserra, permitindo que perdessem o medo e aprendessem a utilizá-la corretamente. Com esse conhecimento, as produtoras rurais podem ajudar seus familiares e realizar tarefas essenciais na propriedade, como cortar lenha, podar árvores e construir cercas, tornando-se mais independentes e seguras em seu trabalho diário”.
Além do aprendizado técnico, Paloma destacou a ênfase na segurança operacional, incluindo o uso adequado da ferramenta, manutenção, EPIs e técnicas seguras de corte. “A troca de experiências entre as participantes também foi um diferencial, tornando o aprendizado ainda mais rico”. Para ela, um dos maiores desafios é vencer o medo e mostrar que as mulheres têm competência para atuar em qualquer área dentro da propriedade rural. “O curso ajudou a quebrar essa barreira, fortalecendo a confiança e capacitação das participantes, incentivando mais mulheres e jovens a se envolverem no trabalho no campo”.
FORTALECIMENTO DO PROTAGONISMO FEMININO
A assessora jurídica sindical da Faesc e representante catarinense na Comissão Nacional de Mulheres do Agro da CNA, Andreia Barbieri Zanluchi, ressaltou o quanto é gratificante ouvir relatos como esses. O crescente interesse das mulheres por oportunidades de conhecimento e inovação demonstra o fortalecimento do protagonismo feminino no campo. Isso reforça a importância de iniciativas que incentivem a presença e a valorização das mulheres no agro, o que contribui para o desenvolvimento sustentável e para a construção de um setor cada vez mais dinâmico e desenvolvido”.
O presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, destacou que neste ano, uma das principais metas do Sistema Faesc/Senar é expandir ainda mais a promoção de atividades voltadas às mulheres, visando que atuem de maneira segura e inovadora. “A presença feminina nas propriedades rurais tem se intensificado significativamente nos últimos anos, refletindo sua capacidade de adaptação, inovação e compromisso com a sustentabilidade do setor. Como representantes do setor produtivo, temos o dever de apoiar e incentivar essa transformação, oferecendo qualificação e profissionalização tanto para o desempenho de atividades operacionais quanto para a gestão estratégica das propriedades, garantindo que as mulheres estejam cada vez mais preparadas para liderar e impulsionar o desenvolvimento do agronegócio”.
