As cotas raciais em Santa Catarina voltaram ao centro do debate após a secretária de Estado da Educação, Luciane Bisognin Ceretta, se manifestar favoravelmente às políticas de ações afirmativas para pessoas negras e indígenas no ingresso às universidades públicas estaduais. A declaração foi feita nesta segunda-feira (15), em meio às discussões sobre mudanças nas regras de acesso ao ensino superior em SC.
Durante entrevista ao Programa Adelor Lessa, da Rádio Som Maior, de Criciúma, Ceretta afirmou que o tema exige uma análise aprofundada e destacou o que classificou como uma “dívida histórica” com essas populações. “Avalio que temos uma dívida histórica, por exemplo, com a população negra e indígena. Avalio ainda que o acesso deles à universidade é algo muito importante”, disse.
Secretária aponta baixa diversidade racial nas universidades
Na entrevista, Luciane Ceretta afirmou que as universidades catarinenses ainda apresentam baixa diversidade racial. “Nossas universidades são brancas e precisamos dessas pessoas lá dentro”, declarou, ao defender a manutenção das políticas de cotas raciais como instrumento de inclusão social e educacional.
A posição da secretária contrasta com a proposta aprovada recentemente na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), que altera as regras de reserva de vagas nas universidades estaduais. O texto limita as cotas a Pessoas com Deficiência (PCDs), critérios exclusivamente socioeconômicos e estudantes oriundos de escolas públicas estaduais de ensino médio, o que pode impactar diretamente as políticas raciais vigentes.
Resultados das cotas raciais nas universidades de SC
Dados oficiais indicam que as ações afirmativas tiveram impacto significativo ao longo dos últimos anos. Desde a adoção das cotas raciais em 2011, a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) quase triplicou o número de estudantes negros matriculados.
Segundo o Censo da Educação Superior do Inep, em 2010 — último ano antes da implementação das cotas — alunos negros representavam apenas 6,4% das matrículas na Udesc. Em números absolutos, eram 667 estudantes.
Quinze anos depois, em 2024, esse percentual subiu para 17,6%, o equivalente a 1.712 alunos negros matriculados na instituição, um aumento de mais de 11 pontos percentuais.
Representatividade ainda abaixo da população do estado
Apesar do crescimento, a presença de estudantes negros nas universidades estaduais segue abaixo da proporção registrada na população catarinense. De acordo com o IBGE, negros representam 23,2% da população de Santa Catarina, conforme o Censo de 2022.
Para a secretária Luciane Ceretta, os dados reforçam a necessidade de manter e aperfeiçoar as políticas de cotas raciais como ferramenta de correção das desigualdades históricas no acesso ao ensino superior público.






