O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da abertura do Fórum Mundial da Alimentação em Roma nesta segunda-feira, 13 de outubro. Em seu discurso, o mandatário brasileiro fez uma declaração impactante ao afirmar que a fome é irmã da guerra.
Lula destacou que conflitos armados causam sofrimento humano massivo e desorganizam completamente as cadeias de suprimentos alimentares. O presidente também criticou as barreiras comerciais e políticas protecionistas de nações ricas, que segundo ele desestruturam a produção agrícola nos países em desenvolvimento.
Crise Multilateral e Segurança Alimentar
O líder brasileiro conectou a tragédia humanitária em Gaza com a paralisia da Organização Mundial do Comércio. Ele afirmou categoricamente que a fome se tornou um sintoma claro do abandono das regras e instituições multilaterais.
Lula enfatizou que o acesso aos alimentos continua sendo um poderoso instrumento de poder geopolítico. Não há como dissociar a fome das profundas desigualdades que dividem ricos e pobres, homens e mulheres, nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Paradoxo da Produção Versus Fome
Um dos pontos mais contundentes do discurso foi o paradoxo apresentado pelo presidente. O mundo atual produz comida suficiente para alimentar uma vez e meia toda a população global. Ainda assim, 673 milhões de pessoas enfrentam situação de insegurança alimentar grave.O Brasil conquistou resultados significativos no combate à fome. Lula ressaltou com orgulho o anúncio da FAO de que o país voltou a sair do Mapa da Fome.
Avanços Brasileiros no Combate à Fome
Em 2024, o Brasil alcançou a menor proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar grave de toda sua história. O país também registrou a menor proporção de domicílios com crianças menores de 5 anos em situação de insegurança alimentar grave desde 2004.
Lula declarou que o Brasil está interrompendo definitivamente o ciclo vicioso de exclusão social. Um país verdadeiramente soberano é aquele capaz de alimentar adequadamente seu próprio povo. A fome representa o inimigo número um da democracia e do pleno exercício da cidadania.
Multilateralismo como Solução
O presidente destacou o orgulho brasileiro em fazer parte dos 80 anos de história da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Lula trabalha ativamente junto ao Programa Mundial de Alimentos e ao Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura.
O mundo seria certamente um lugar muito pior sem o multilateralismo eficaz. Graças aos esforços concentrados da FAO, um número crescente de países reconheceu formalmente o direito à alimentação em suas legislações nacionais.
Lula lembrou que há exatamente dez anos participava das comemorações dos 70 anos da entidade. Muita coisa mudou desde então. O mundo vivia o entusiasmo genuíno da adoção da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
As nações haviam se unido solidariamente em torno de objetivos comuns claros e caminhavam decisivamente rumo a um futuro promissor. Hoje, tanto nossa capacidade coletiva de ação coordenada quanto o otimismo que nos animava estão profundamente abalados.
Os desafios globais se aprofundaram dramaticamente, mas não temos alternativa racional senão persistir com determinação. Enquanto existir fome no mundo, a FAO permanecerá absolutamente indispensável.