O Oeste catarinense reflete a violência contra a mulher que coloca o Brasil entre os dez mais violentos países do mundo. As instituições e organizações agem, mas não conseguem estancar o agravamento da violência, com algumas exceções pontuais. A presidente do SITICOM Chapecó, Izelda Teresinha Oro. O sindicato, que tem forte posição de desagravo à prática, presta apoio ao Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CMDM, no ativismo deste mês em defesa da mulher.
Desvalorização é violência – Izelda defende que a violência física contra mulher “deve ser exterminada” e os agressores “punidos com maior rigor”. Entende, porém, que tanto a “agredida” como o “agressor” devem ter “amparo psicológico” no Sistema Único de Saúde – SUS de Chapecó. Mostra que uma das maiores violências sofridas pela mulher “é a falta de percepção – enquanto mulher – nos espaços de poder”. Pondera que a desconsideração vai além do ambiente político partidário recomendando que “mulher tem que votar em mulher”. Para ela é uma questão ainda maior “enraizada em uma cultura de desvalorização da mulher como ser humano e na condição de administradora de negócios”.
Também existe – A dirigente lembra que na categoria representada pela instituição sindical existe um bom contingente de mulheres trabalhadoras. Isso evidencia “a expressiva força de trabalho e representatividade feminina” nos vários setores produtivos onde existe atuação do sindicato. Izelda lamenta que neste conjunto feminino “infelizmente a violência também é realidade”.
A vice-presidente do CMDM, Rosangela Hüning, explica que o Conselho está mobilizado em 16 dias de ativismo “pelo Fim da Violência contra as Mulheres”. Os atos, em parceria com entidades locais e regionais, iniciaram dia 17. Nesta segunda-feira, 25, está sendo reverenciado o Dia Internacional da Não-Violência à Mulher. O movimento encerra em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Rosangela disse que as iniciativas estão inseridas ao contexto nacional e fortalecem a campanha da Organização das Nações Unidas – ONU, que tem definida a meta de acabar com a violência contra as mulheres até 2030.
Feminicídios – Neste ano (até sexta-feira, 22) a Delegacia de Proteção à Criança ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso – DPCAMI de Chapecó, havia efetuado 3.620 registros de violências contra mulheres. As ocorrências envolvem também crianças, adolescentes e idoso. Se deve considerar que estes são números oficiais. As estatísticas seriam maiores se acrescentados os muitos casos que não são denunciados por medo e ameaças dos autores. Foram consumados três feminicídios e comunicadas seis tentativas de assassinato de mulheres. No período a DPCAMI emitiu 861 medidas protetivas.
Chapecó possui uma rede de atendimento com vários locais onde a mulher pode denunciar os casos. Nos espaços elas encontram ajuda quando sofrem violência física, psicológica, moral, sexual, patrimonial ou virtual. O conselho municipal, em publicação impressa, lembra que essas violências são consideradas crimes graves tratados com medidas protetivas e punições rigorosas.