As plataformas virtuais de apostas esportivas representam fator significativo para o endividamento das famílias e afetam não somente o comércio como outros setores produtivos no País e essa situação não é diferente na região. Essa constatação, quanto aos efeitos nocivos das chamadas bets, é do Sindicato do Comércio da Região de Chapecó (Sicom) e tem como base pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em conjunto com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
O levantamento das duas entidades, divulgado na última semana, indica que as apostas on-line podem gerar prejuízo anual de R$ 117 bilhões aos estabelecimentos comerciais no Brasil. clip_image002clip_image002[1]Os resultados mostram, ainda, que entre junho de 2023 e junho de 2024 os brasileiros gastaram R$ 68 bilhões em apostas nas bets. Isso significa 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e 0,95% do consumo total no período.
Entre os que apostam via on-line no Brasil, 63% afirmaram que tiveram parte da renda comprometida, indica o estudo CNC/SBVC. Dos entrevistados, 23% deixaram de comprar roupas, 19% de fazer compras em supermercados, 14% pararam de comprar produtos de higiene e beleza e 11% minimizaram os cuidados com saúde e medicações.
COMO SOLUCIONAR
Para o presidente em exercício do Sicom, Ivonei Barbiero, “o efeito das apostas gera grande estrago na economia das famílias e no mercado de trabalho, pois são muitos que deixam empregos para atuar no jogo on-line”. Argumenta que, diante do exagero dessa prática, recursos que poderiam ser aplicados na aquisição de bens vão para a jogatina via Internet e levam a consequências no consumo, consequentemente com impacto também na produção. Ao destacar que 48% de quem respondeu à pesquisa se declararam da classe C, o dirigente lembra informação do Banco Central de que beneficiários do Bolsa Família gastaram em agosto R$ 3 bilhões em bets.
Como solução, Ivonei Barbiero enfatiza a necessidade de nova regulamentação que mude a lei federal 13.756, aprovada em 2018. Lembra que hoje a situação é outra, pois desde lá as empresas que atuam com bets no Brasil cresceram investindo alto em publicidade e atraindo público de variado poder aquisitivo, até das faixas mais necessitadas.
VENDA MAIS CARA QUE A VENDA
Conforme o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, numa entrevista à Agência Brasil, “cada venda que se perde no varejo custa mais do que a própria venda”. Ele explicou que existem custos fixos que não mudam, como o quadro de funcionário, o estoque e o capital de giro, e exemplificou: “Se você estava acostumado a faturar R$ 1.000 por semana e, de repente, começa a faturar R$ 500, o impacto é maior do que R$ 500”. Acrescentou que para a Confederação do Comércio, se continuar essa escalada de gastos com apostas, a perda potencial é estimada em R$ 117 bilhões ao ano.