quarta-feira, 3 dezembro, 2025

Mesmo com maior escolaridade, mulheres ganham menos de 80% do salário dos homens, aponta IBGE

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A nova edição da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo IBGE, reforça um cenário que se repete há mais de uma década: apesar dos avanços na economia e do recorde de ocupação registrado em 2024, mulheres e homens continuam vivenciando realidades bastante distintas dentro do mercado de trabalho.

Mesmo com maior escolaridade, apenas 49,1% das mulheres estavam ocupadas no ano passado. Entre os homens, o índice alcançou 68,8%, diferença que permanece praticamente estável desde 2012. Ou seja, mesmo estudando mais, elas seguem enfrentando mais barreiras para se inserir no mercado.

Divisão desigual do trabalho doméstico limita oportunidades

O IBGE destaca que o peso do cuidado da casa e da família continua recaindo majoritariamente sobre as mulheres. Essa sobrecarga diminui o tempo disponível para buscar emprego, estudar, se qualificar ou trabalhar em tempo integral.

E quando conseguem uma vaga, ainda enfrentam a desigualdade salarial: em 2024, receberam apenas 78,6% do rendimento dos homens. Em setores como comércio e serviços, a diferença é ainda maior — elas chegam a ganhar 63,8% do salário masculino.

A única área em que as mulheres recebem mais é nas Forças Armadas e forças policiais, mas essa representatividade é mínima dentro da economia.

Escolaridade não elimina desigualdade

As mulheres com ensino superior apresentam maior taxa de ocupação, mas ainda ficam atrás dos homens com o mesmo nível de estudo. Elas também são maioria em atividades marcadas pela informalidade e pela baixa proteção trabalhista, como o trabalho doméstico sem carteira assinada, que atinge 9,4% delas.

Em 2024, 20,4% das mulheres estavam subutilizadas — queriam trabalhar mais, mas não conseguiam. Entre os homens, esse percentual foi de 12,8%.
A desigualdade é ainda mais forte entre mulheres pretas e pardas, que aparecem com os piores indicadores de subutilização e pobreza.

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Idosos batem recorde de ocupação e ganham espaço

Enquanto as mulheres enfrentam obstáculos persistentes, o grupo com 60 anos ou mais apresenta uma trajetória oposta: nunca tantos idosos estiveram no mercado de trabalho. Em 2024, 24,4% dessa população estava ocupada, o maior índice desde o início da série.

Entre 2012 e 2024, o número de idosos no Brasil cresceu 53,3%, chegando a 34,1 milhões — quase 1 em cada 5 pessoas em idade ativa.

O envelhecimento da população, somado à maior expectativa de vida (hoje em 76,6 anos), ajuda a explicar esse avanço. A reforma da Previdência, em 2019, também ampliou o tempo mínimo de contribuição, mantendo mais trabalhadores ativos por mais tempo.

Desemprego entre idosos é baixo, mas informalidade domina

O desemprego entre idosos foi de 2,9%, o menor entre todos os grupos analisados. Mas isso ocorre principalmente porque muitos já estão consolidados em suas atividades ou estão fora da força de trabalho — aposentados ou sem buscar novas oportunidades.

Entre os que trabalham, a informalidade predomina:

  • 55,7% dos idosos ocupados estão na informalidade;
  • Entre idosos pretos e pardos, esse índice sobe para 61,2%.

O rendimento médio desse grupo é de R$ 3,5 mil. As mulheres idosas ganham cerca de R$ 2,7 mil, enquanto os homens ultrapassam R$ 4 mil. Já idosos pretos e pardos recebem quase metade do rendimento de idosos brancos.

Brasil registra melhora consistente na ocupação

A pesquisa mostra que 2024 marcou a maior retomada do emprego desde 2012. O nível de ocupação chegou a 58,6%, com 101,3 milhões de pessoas trabalhando no país.

As taxas de desocupação e subutilização, que haviam atingido picos em 2021, seguiram em queda e fecharam 2024 em 6,6% e 16,2%, respectivamente.

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Informalidade continua como marca estrutural do mercado

Mesmo com a recuperação econômica, a informalidade segue alta. Em 2024, 46,5% dos trabalhadores não tinham vínculo formal — número que engloba empregados sem carteira, trabalhadoras domésticas informais, autônomos e pequenos empregadores que não contribuem para o INSS.

O crescimento da ocupação foi mais forte entre os empregados sem carteira (alta de 4,2%) do que entre autônomos (1,8%).

Setores que mais geraram emprego em 2024

As atividades que mais absorveram mão de obra foram:

  • Transporte, armazenagem e correio: +7,7%
  • Outros serviços: +5,6%
  • Construção: +5,3%
  • Comércio e reparação: +4%

O setor de Serviços segue como protagonista na geração de empregos no país.

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