Produtos comuns na alimentação de milhões de pessoas — como refrigerantes diet e o óleo usado nas frituras — estão sendo revistos pela ciência. Estudos recentes sugerem que alguns desses itens, tão presentes na rotina, podem aumentar o risco de desenvolver certos tipos de câncer, inclusive os mais agressivos.
Um dos focos mais recentes é o aspartame, um adoçante artificial encontrado em bebidas diet, chicletes e balas. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), órgão ligado à OMS, deve classificá-lo como “possivelmente cancerígeno”. Não significa que a substância causa câncer diretamente, mas os indícios são fortes o suficiente para acender um alerta.
Óleos vegetais também preocupam pesquisadores
Outro ponto de atenção vem dos óleos vegetais, especialmente os ricos em ácido linoleico, como o óleo de soja. Uma pesquisa conduzida pela Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, apontou que essa gordura pode estimular o crescimento do câncer de mama triplo negativo, um dos tipos mais agressivos da doença.
E não é só na frigideira de casa que esses óleos aparecem. Eles são amplamente usados pela indústria em alimentos ultraprocessados — como biscoitos, salgadinhos, molhos prontos e comidas congeladas. Segundo diferentes estudos, esse tipo de alimentação está sendo ligado ao aumento de câncer colorretal, especialmente em pessoas com menos de 50 anos.
O padrão alimentar moderno está no centro do debate
O problema, segundo os especialistas, não está apenas em um ou outro ingrediente isolado, mas no conjunto da dieta moderna, que é rica em industrializados, pobre em alimentos naturais e carregada de substâncias com potencial inflamatório.
Esse desequilíbrio pode favorecer processos silenciosos no organismo, abrindo espaço para doenças crônicas como diabetes, hipertensão e, claro, o câncer. Um dos pontos citados com frequência é a desproporção entre ômega-6 e ômega-3. Consumimos muito mais do primeiro, presente em óleos refinados, e quase nada do segundo, encontrado em peixes, sementes e vegetais verdes.
O que dá para fazer na prática?
A boa notícia é que há sim maneiras de reduzir o risco — e elas são acessíveis. Segundo a OMS, manter um estilo de vida saudável pode fazer uma grande diferença.
Veja algumas orientações que realmente funcionam:
Dê prioridade aos alimentos naturais: frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas de qualidade.
Evite produtos ultraprocessados: quanto menos ingredientes no rótulo, melhor.
Reduza o consumo de óleos refinados: prefira azeite de oliva ou óleo de coco para o preparo dos alimentos.
Troque o refrigerante por sucos naturais ou água com limão.
Mexa o corpo: 30 minutos de atividade física por dia já fazem diferença.
Não é moda, é prevenção
Mudar a alimentação não precisa ser um sacrifício ou uma imposição. É um investimento em qualidade de vida, bem-estar e prevenção. Estudos mostram que quem adota esse estilo de vida tem até 18% menos risco de desenvolver câncer.
No fim das contas, comer bem é um gesto de cuidado consigo mesmo. E, às vezes, tudo começa com uma simples pergunta diante do prato: isso aqui me aproxima ou me afasta da saúde que eu quero ter?
Fonte: Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) e informações da OMS