sexta-feira, 7 novembro, 2025

Câncer já supera doenças do coração em várias cidades de Santa Catarina

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O câncer já ultrapassou as doenças cardiovasculares como principal causa de morte em 670 municípios brasileiros, o equivalente a 12% das cidades do país. O dado foi apresentado durante o Fórum Big Data em Oncologia, realizado no Rio de Janeiro, e mostra uma mudança preocupante no perfil de mortalidade nacional.

De acordo com o Observatório de Oncologia, que analisou 26 anos de registros do Ministério da Saúde, o número de municípios onde o câncer é a principal causa de morte cresceu 30% em oito anos — saltando de 516 em 2015 para 670 em 2023.

Se a tendência continuar, o câncer deve se tornar a maior causa de morte no Brasil até 2029, segundo os pesquisadores.

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Câncer em Santa Catarina e no Sul puxa o aumento nacional

O avanço do câncer em Santa Catarina e nos demais estados do Sul é um dos principais fatores que puxam o crescimento no país.
A região concentra 310 dos 670 municípios onde os tumores já superaram as doenças cardíacas — quase metade do total.

O Rio Grande do Sul lidera o ranking nacional, com 168 cidades nessa situação. Em seguida, aparecem Santa Catarina e Paraná, que também apresentam altas taxas de mortalidade por câncer.

Segundo a pesquisadora Nina Melo, o cenário tem relação direta com fatores genéticos e ambientais:

“O Sul tem uma população majoritariamente caucasiana, mais suscetível ao câncer de pele, e também um uso mais intenso de agrotóxicos e exposição industrial”, explica.

Além disso, o envelhecimento da população e o melhor diagnóstico ampliam a detecção dos casos — o que aumenta o registro, mas também expõe desigualdades regionais.

Doença cresce nas pequenas cidades e chega ao interior

Quase metade dos municípios onde o câncer é hoje a principal causa de morte tem menos de 25 mil habitantes.
Isso mostra que a doença deixou de ser um problema das capitais e passou a atingir fortemente o interior.

“Em muitas cidades pequenas, o diagnóstico é tardio. As pessoas não têm acesso fácil a exames e, quando procuram ajuda, o câncer já está avançado”, destaca Nina.

A falta de hospitais especializados e a distância até centros oncológicos tornam o tratamento mais difícil — o que reduz as chances de cura.

Envelhecimento e desigualdade aumentam o desafio

O estudo mostra que 77% das mortes por câncer acontecem em pessoas com mais de 60 anos, e 56% dos casos são entre homens.
Os tipos mais letais continuam sendo pulmão, mama e próstata.

O oncologista Abraão Dornellas, do Hospital Albert Einstein, explica que o aumento está ligado ao envelhecimento da população e à falta de prevenção:

“O câncer é uma doença do envelhecimento celular. À medida que o país envelhece, o número de diagnósticos cresce. O problema é que o sistema ainda é lento, e muitos chegam ao tratamento tarde demais.”

No Norte e Nordeste, o câncer de colo do útero ainda é um dos que mais mata mulheres — mesmo sendo evitável com vacinação e exames de rotina.

Desafios no tratamento e falhas na Lei dos 60 Dias

Mesmo com a Lei dos 60 Dias, que garante o início do tratamento oncológico em até dois meses após o diagnóstico, muitos pacientes ainda enfrentam longas esperas.

“O SUS tem capacidade de curar muitos tipos de câncer, mas o gargalo é a demora. Quando o tratamento começa, o tumor já se espalhou”, diz Nina Melo.

Os especialistas alertam que o país precisa reforçar políticas de rastreamento e prevenção, além de ampliar o número de hospitais e equipes médicas especializadas.

Prevenção é o caminho

Com a expectativa de que o câncer se torne a principal causa de morte no Brasil até o fim da década, os pesquisadores reforçam a importância de investimentos em prevenção.

“Prevenir é mais eficaz — e mais barato — do que remediar”, afirma Dornellas. “Precisamos agir agora para não sobrecarregar o sistema de saúde.”

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