Presidente disse esperar que “seja feita a justiça” e destacou presunção de inocência dos réus
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta terça-feira (2) o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado. As declarações foram dadas a jornalistas após o presidente comparecer ao velório do jornalista Mino Carta, em São Paulo.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teria liderado uma trama para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. O procurador-geral Paulo Gonet acusa o ex-presidente e seus aliados de crimes que incluem golpe de Estado e organização criminosa armada.
“O que está acontecendo é que os fatos estão vindo à tona e as pessoas estão começando a perceber que período nefasto da história brasileira nós vivemos”, afirmou Lula. Ele também fez referência a Mino Carta, dizendo que, se estivesse vivo, o jornalista “estaria escrevendo quem sabe a mais bela história do que aconteceu nos últimos anos no Brasil”.
Justiça e presunção de inocência
Ao ser questionado sobre suas expectativas para o julgamento, Lula disse esperar que “seja feita a justiça”, com base nos autos e no respeito à presunção de inocência.
“Ninguém está julgando ninguém pessoalmente. Tem um processo, tem delações, tem provas, e a pessoa acusada tem direito à presunção da inocência. Se é inocente, prove que é inocente”, declarou o presidente, lembrando que, em sua própria trajetória judicial, não ficou “chorando”, mas foi “à luta”.
Críticas a Donald Trump
Lula também criticou as tentativas de interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem imposto sanções contra autoridades brasileiras por conta do processo contra Bolsonaro.
“O que está acontecendo com os Estados Unidos é que eles exacerbaram qualquer coisa que a gente já tinha visto na história da humanidade de um governo se meter a julgar o comportamento da justiça de outro país. É inacreditável”, disse Lula.
Apesar das críticas, o presidente afirmou não ter interesse em conflitos diplomáticos. “Eu não tenho nenhum interesse de brigar com os Estados Unidos. Eu tenho interesse em manter essa amizade de 201 anos e que ela possa continuar por mais 201 anos”, completou, destacando que, se houver disposição para negociar, “o Lulinha Paz e Amor está de volta”.