A retirada das tarifas de 40% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos não traz alívio imediato aos exportadores de Santa Catarina. A avaliação é da Federação das Indústrias do Estado (FIESC), que aponta a lista de 238 itens como focada em produtos primários, enquanto o estado exporta principalmente bens industrializados.
O presidente da FIESC, Gilberto Seleme, vê a medida com otimismo cauteloso. “Os canais de negociação estão sendo efetivos, mas a lista é composta basicamente por itens primários”, afirmou. Produtos como madeira e móveis, que representam 37,3% das exportações catarinenses, permanecem sobretaxados.
Impacto real nas exportações catarinenses
As vendas de Santa Catarina aos Estados Unidos já recuaram 9,3% este ano. Um estudo da FIESC estima perdas significativas: 19 mil empregos em um ano e até 45 mil vagas em três anos caso as tarifas sejam mantidas.
Os setores mais afetados incluem madeira, peças automotivas, equipamentos elétricos e móveis. Dados recentes mostram o fechamento de 1,7 mil postos no setor de madeira, 562 em móveis, 446 em máquinas e equipamentos e 313 na indústria metalúrgica apenas em agosto e setembro.
Produtos excluídos e expectativas futuras
Seleme observa que a lista liberada tem forte predominância de itens que afetam o custo de vida dos norte-americanos, como café e carne bovina. “É provável que novas reduções devam exigir concessões pelo lado brasileiro”, avalia.
Os produtos de madeira e móveis não foram contemplados na medida, pois fazem parte da chamada investigação 232. A FIESC segue atenta aos resultados do processo e espera que as negociações avancem também nestas áreas.
Programa desTarifaço apoia indústrias locais
Desde agosto, a FIESC mantém o programa desTarifaço para auxiliar as empresas afetadas. A iniciativa oferece suporte em várias frentes:
- Apoio na obtenção de crédito e benefícios governamentais
- Consultoria para abertura de novos mercados
- Orientação jurídica sobre recursos trabalhistas
- Qualificação para funcionários inativos
- Acolhimento para trabalhadores demitidos
A federação continua articulando com a CNI para reverter a situação das tarifas e apoiar a indústria catarinense durante este período desafiador.







