O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo, alertou nesta sexta-feira (5) que os casos de Covid-19 continuam ocorrendo no Brasil, com tendência de crescimento em várias cidades. O especialista destacou que, embora o impacto não seja o mesmo do período crítico da pandemia, a doença segue representando riscos, especialmente para grupos vulneráveis.
Crianças, idosos e gestantes estão entre os mais afetados
Segundo Chebabo, a Covid-19 tem afetado principalmente crianças abaixo de 2 anos, que não foram expostas ao vírus e ainda não estão vacinadas. Ele lembrou que, apenas em 2024, foram registrados 82 óbitos infantis pela doença.
Os idosos acima de 60 anos também estão entre os mais vulneráveis, devido à perda natural da resposta imunológica com o envelhecimento. As gestantes, por sua vez, são consideradas grupo de risco, já que a vacinação protege tanto a mãe quanto o bebê nos primeiros meses de vida.
Testagem e prevenção
Chebabo destacou que, para a maioria da população, a Covid-19 pode ser comparada a outras doenças virais em casos leves. No entanto, defendeu a testagem em grupos de risco, como idosos e imunossuprimidos, para reduzir complicações, internações e mortes. Para quem já está vacinado, a testagem individual em farmácias ou laboratórios pode auxiliar no diagnóstico em casos de complicações futuras.
Debate sobre vacinas combinadas
O professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da USP, Expedito Luna, afirmou que a comunidade científica discute a possibilidade de combinar a vacina da influenza com a da Covid-19. No entanto, ele ressaltou que o cenário atual não permite essa integração, já que o vírus da Covid-19 ainda não apresenta um comportamento sazonal definido no Brasil e exige duas doses anuais para grupos de risco.
“Com essas evidências, se tivesse de decidir pelo Brasil, eu manteria as vacinas separadas. Isso garante melhores resultados para ambas”, afirmou Luna.
Casos voltam a subir
Dados recentes da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostram que os casos de Covid-19 aumentaram nas últimas dez semanas. O índice de positividade chegou a 13,2%, o maior desde março deste ano.
Segundo o patologista clínico Alex Galoro, líder do Comitê Técnico da Abramed, a alta é explicada pela queda dos anticorpos e pelo surgimento de novas variantes. Ele destacou ainda que o inverno favorece a transmissão devido à maior concentração de pessoas em ambientes fechados.