A plataforma iFood e a startup Mottu anunciaram uma parceria exclusiva para entregadores que utilizam motos alugadas. O programa, que entra em vigor em 1º de setembro, oferece descontos e incentivos para profissionais cadastrados nas duas empresas.
Benefícios para entregadores
Os entregadores que atuam no iFood e alugam motos da Mottu terão até 20% de desconto na caução e condições especiais nos planos de locação, com diárias entre R$ 18 e R$ 28. Os contratos incluem:
- Assistência 24 horas;
- Suporte em caso de roubo;
- Cobertura para danos a terceiros;
- Opção de compra da moto ao fim de três anos, dependendo do plano.
Além disso, o iFood promete recompensas de até R$ 350 mensais para entregadores que atingirem metas de entregas, e créditos extras para quem mantiver alto nível de ocupação, podendo ser usados em despesas como multas de trânsito.
Objetivos da parceria
Segundo as empresas, a iniciativa visa reduzir custos e ampliar os ganhos dos entregadores, facilitando o acesso a motos para trabalhar, inclusive para quem tem restrições financeiras. O programa também fortalece a presença do iFood e consolida a Mottu como parceira estratégica.
Vínculo trabalhista em debate
O anúncio ocorre em meio ao debate sobre a relação trabalhista dos entregadores de plataformas digitais. A Câmara dos Deputados instalou recentemente a Comissão Especial sobre Transporte e Entrega por Plataforma Digital, que analisará o PLP 152/25, regulamentando serviços e direitos dos trabalhadores.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, alertou que a parceria evidencia contradições: “Estou alugando um bem para você trabalhar, mas você não é meu trabalhador. Isso deixa mais latente que há vínculo trabalhista”.
Visão sindical
Gilberto Almeida dos Santos, presidente do SindimotoSP, reconhece que os descontos beneficiam entregadores, mas ressalta a precariedade da categoria. Segundo ele, no regime celetista, motociclistas com suas próprias motos recebem R$ 750 mensais como compensação pelo desgaste; ciclistas, R$ 350. Já os entregadores plataformizados arcam com todos os custos.
O sindicalista alerta ainda para riscos relacionados às bonificações: “Prêmios por metas podem incentivar excesso de velocidade, aumentando acidentes. A Lei 12.436/2011 proíbe práticas que estimulem isso, justamente para proteger vidas e reduzir conflitos no trânsito”.