A tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos ganhou um novo capítulo com o anúncio de sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, o Departamento de Estado americano revogou o visto do magistrado, citando uma suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O comunicado partiu do senador republicano Marco Rubio, que atribuiu a decisão à postura do ministro diante de ações relacionadas ao ex-mandatário brasileiro.
Sanções podem ir além do visto?
Aliados de Bolsonaro afirmam que essa ação contra Moraes seria apenas o início. Entre as medidas cogitadas estariam:
- Aumento de tarifas de importação para produtos brasileiros;
- Punições em conjunto com a OTAN;
- E até uma proposta extrema: bloquear o uso do GPS no Brasil.
É possível cortar o sinal do GPS no Brasil?
A afirmação de que os EUA poderiam restringir o acesso ao sistema de GPS gerou alarde nas redes. Mas, segundo especialistas, essa hipótese é altamente improvável.
O engenheiro Eduardo Tude, especialista em telecomunicações, explica que os sinais do GPS são transmitidos por satélites diretamente para o planeta todo. “É como a TV aberta: não dá para bloquear só um país. O sinal vai para todos”, afirma.
O que é o GPS e como ele funciona?
O GPS (Global Positioning System) é um sistema de geolocalização criado pelo Departamento de Defesa dos EUA. Ele utiliza uma constelação de satélites que enviam sinais para dispositivos terrestres, como celulares e aviões, permitindo identificar a posição com alta precisão.
Hoje, são 31 satélites ativos que garantem cobertura global. Para um receptor funcionar corretamente, é necessário captar sinais de pelo menos quatro satélites diferentes.
Técnicas de interferência: jamming e spoofing
Embora o corte direto do sinal seja inviável, existem formas de interferência local, como:
- Jamming: emissão de ondas de rádio que anulam o sinal dos satélites;
- Spoofing: envio de sinais falsos para enganar o receptor e mostrar uma localização incorreta.
Essas técnicas já foram utilizadas por países como a Rússia em zonas de conflito, mas demandam presença física e equipamentos de guerra eletrônica.
Impactos de um possível bloqueio
Se o GPS fosse mesmo cortado, os impactos seriam amplos:
- Transporte aéreo e marítimo afetados;
- Logística e entregas comprometidas;
- Telecomunicações e energia desestabilizadas;
- Sistema bancário prejudicado por falhas na sincronização de transações.
A especialista Luísa Santos, da Universidade de Buenos Aires, ressalta que “embora tecnicamente possível, um bloqueio desse tipo teria repercussões globais e diplomáticas graves.”
Existe vida além do GPS?
Sim. Hoje já existem sistemas alternativos ao GPS, como:
- GLONASS (Rússia)
- BeiDou (China)
- Galileo (União Europeia)
- NavIC (Índia)
- QZSS (Japão)
A maioria dos celulares e dispositivos modernos já é compatível com mais de um desses sistemas. Também existem soluções terrestres de backup, como o eLoran, que garantem sincronização mesmo sem satélites.
Apesar da escalada nas tensões entre Brasil e Estados Unidos e das ameaças simbólicas envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, o bloqueio do GPS é altamente improvável. O cenário revela muito mais sobre a retórica política do que sobre ações tecnicamente viáveis — e reforça a importância de sistemas de localização autônomos para a soberania digital de um país.
Fonte: Folha de São Paulo e BBC News